Neste dia 24 de fevereiro, a Guerra na Ucrânia completa um ano. O tempo decorrido desde o início do conflito proporciona várias análises geopolíticas, econômicas e sociais. Além disso, possibilita um debate sobre a correlação de forças no cenário internacional, seus atores e possíveis caminhos.
A invasão militar russa começou em 2022, mas a delicada relação entre Moscou e Kiev é uma constante histórica. Seja pelos laços que os unem ou pelas diferenças que os singularizam. Esse entrelaçamento pode ser visto no Império Russo, na União Soviética e na realidade pós-Guerra Fria. O Tratado de Pereyaslav, o Holodomor e a questão da Crimeia, respectivamente, são exemplos disso.
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Argumentos utilizados para a Guerra
Esse complexo encadeamento é um dos argumentos utilizados por Vladimir Putin para lançar o ataque à Ucrânia. Todavia, por mais que o povo que viria fundar o que conhecemos hoje como Rússia tenha saído da região de Kiev, tal fato é correlacionado de uma forma que legitime a narrativa de Putin.
Outra alegação seria de que esta é uma luta contra neonazistas. Este discurso é baseado nas origens de um dos principais Batalhões (o de Azov) que tem em sua fundação associações com extrema direita e grupos que revisitam as ideias de Adolf Hitler. Porém, a guerra começada pelo líder russo não tem na sua raiz esta motivação. Este é um argumento retórico para a plateia interna. Não à toa, que Putin conecta com a luta do Exército Vermelho contra as forças alemãs na Segunda Guerra Mundial para exalar a sua Grande Rússia.
Entendendo o conflito
O ponto fundamental para entendermos o conflito vem a ser o equilíbrio de poder que tem sofrido grandes mudanças nas últimas décadas. Por mais que a URSS tenha acabado em 1991, o que acontece atualmente tem conexão direta com este evento.
A preponderância dos Estados Unidos com o fim da Cortina de Ferro fez com que alguns estudiosos até falassem do Fim da História. Contudo, podemos perceber que na verdade não é bem assim. O que se pensava ser um momento no qual o neoliberalismo e preceitos políticos e sociais pregados por Washington seriam a regra, nos demonstrou outra situação quando confrontada pela realidade.
Putin tenta ser um czar dos tempos modernos resgatando conexões de acordo com seu gosto sempre ligado a um passado glorioso e idílico baseado em questões fundamentais como religião.
Enquanto isso, o povo ucraniano sofre de forma descomunal por causa de um projeto político de poder no qual Moscou tem a intenção de voltar a ser o que um dia foi, mas com um cenário completamente diferente. A reação da OTAN perante a invasão russa demonstrou uma nova disposição de seus membros no que concerne a um conflito em solo europeu e até mesmo da formatação da organização em si.
Resistência ucraniana
A Ucrânia serve como exemplo de resistência perante ameaças de ditaduras. O apoio ao país não é importante somente agora, mas no médio e no longo prazo. Um processo de reconstrução tem que fazer parte de uma visão mais ampla de estabilidade para a nação ucraniana e para a região como um todo.
Mais recentemente, alguns atores internacionais se propuseram a mediar a guerra. Este passo é muito importante, mas ele tem que ser acompanhado de ações efetivas que realmente levem ao fim do conflito. Contudo, a disposição dos dois lados para que isso seja possível está longe de ser a ideal. Aqui não se pretende um julgamento de valor, mas uma análise do quadro atual.
A Ucrânia tem vencido embates fundamentais desde o começo da guerra, mas a capacidade e vontade russa de continuar é grande. Englobar o que está acontecendo agora numa perspectiva de luta entre democracias versus ditaduras ou entre o Bem e o Mal seria leviano, pois as questões são muito mais profundas e complexas do que uma mera dualidade entre certo e errado. Compreendê-las de forma devida é vital para que um cenário de paz possa ser vislumbrado.
Marco na História Mundial
O que não podemos deixar de lado é que a invasão russa é um marco na História Mundial. Ela serviu para marcar o fim da realidade pós-Guerra Fria e o começo de uma que ainda estamos por entender.
Um conflito em plena Europa faz com que muitos repensarem suas visões de mundo de uma comunidade internacional na qual guerras são regra e não exceção. O que a distingue é que o embate está acontecendo às portas da OTAN e União Europeia, po as mesmas disputas por poder acontecem mundo afora; cada uma com a sua singularidade. As consequências da Guerra na Ucrânia vão reverberar pelo globo; para o Bem ou para o Mal.
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